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Um panfleto de idéias, arte e filosofia....

terça-feira, 26 de abril de 2011

FILOSOFIA MODERNA

Com o Renascimento Cultural e Científico, o surgimento da burguesia e o fim da Idade Média, as formas de pensar sobre o mundo e o Universo ganham novos rumos. A definição de conhecimento deixa de ser religiosa para entrar num âmbito racional e científico. O teocentrismo é deixado de lado e entra em cena o antropocentrismo ( homem no centro do Universo ). Neste contexto, René Descartes cria o cartesianismo, privilegiando a razão e considerando-a base de todo conhecimento.
René Descartes é considerado o iniciador da filosofia moderna. A sua preocupação fundamental foi encontrar um critério da verdade inteligível e dedutivo, que permitisse atingir uma verdade evidente por si mesma. A sua reflexão inicia-se com a dúvida metódica: duvidar de tudo quanto existe para encontrar algo acerca do qual não se possa duvidar. Pretendeu estabelecer um método que garantisse com evidência, o valor de todas as ciências, e tomou como modelo a Matemática que partindo de princípios progredia depois dedutivamente. Para encontrar o princípio primordial, Descartes estabeleceu a seguinte regra: "Nunca admitir nenhuma coisa como verdadeira, sem a reconhecer evidentemente como tal, isto é, evitar cuidadosamente a precipitação e os preconceitos e só incluir nos meus juízos aquilo que se apresente tão claro e distintamente ao meu espírito, que não tenha nenhuma ocasião de o pôr em dúvida". Segundo esta regra, o princípio mais radical deve ser evidente por si mesmo, isto é, intuitivo: a intuição revela a ideia como clara e distinta, a clareza e distinção manifestam-se pela resistência de qualquer dúvida. O que é inovador e singular em Descartes não é a procura da verdade através da dúvida (método já utilizado por Stº Agostinho), mas sim pretender assentar na certeza indiscutível do "Penso, logo existo", toda a estrutura do edifício filosófico. Assim, o edifício filosófico de Descartes construído a partir da ideia "Penso, logo existo" tinha como método a dedução numa cadeia de intuições sucessivamente ordenadas com clareza e distinção. Devemo-lhe a restauração do interesse pela metafísica e podemos dizer que os problemas por ele levantados abriram caminho a um período de profunda reflexão filosófica, transformando o seu tempo numa das épocas mais florescentes, em termos filosóficos, da história da humanidade.
A burguesia, camada social em crescimento econômico e político, tem seus ideais representados no empirismo e no idealismo. No século XVII, o pesquisador e sábio inglês Francis Bacon cria um método experimental, conhecido como empirismo, ele viu as amplas possibilidades da ciência emergente e propôs progamas para o seu desenvolvimento em cada nível, do teórico aos institucional. Neste mesmo sentido, desenvolvem seus pensamentos Thomas Hobbes e John Locke. Hobbes propôs a idéia de que a matéria física é tudo o que existe, e de que tudo pode ser explicado em termos de matéria em movimento, desenvolveu sua teroria política em "Os elementos da lei natural e política" (1650) e no livro "Leviatã" em 1651, que foi considerado sua obra prima, na qual apresentou suas idéias sobre metafísica, psicologia e filosofia política. Embora não tenha sido o primeiro empirista na história da filosofia, Locke desde sua época tem sido considerado o pai fundador do empirismo e de tudo o que dele decorre, sua maior obra filosófica foi publicada em 1689 "Ensaio sobre o entendimento humano", é uma investigação sistemática da natureza e do escopo da razão huamana.
O iluminismo surge em pleno século das Luzes, o século XVIII. A experiência, a razão e o método científico passam a ser as únicas formas de obtenção do conhecimento. Este, a única forma de tirar o homem das trevas da ignorância. Podemos citar, nesta época, os pensadores Immanuel Kant, Friedrich Hegel, Montesquieu, Diderot, D'Alembert e Rosseau.
Em Kant, racionalismo e empirismo se encontram e , segundo esse ilustre filósofo "nossa experiência se dá em formas determinadas por nosso aparelho corporal, e só nessas formas podemos imaginar a existência específica de qualquer coisa", suas obras principais foram "Crítica da razão pura (1781)", "Prolegômenos (1783)", "Princípios fundamentais da metafísica e dos costumes (1785)", "Crítica da razão prática (1788)" e "Crítica do juízo (1790)".
Hegel considerava tudo acerca do mundo e sua história como o desenvolvimento de algo não - material, um processo histórico que culminou na autoconsciência oferecida por sua filosofia, suas principais obras foram " A fenomenologia do espírito (1806)", "A ciência da lógica (1812)", "Enciclopédia das ciências filosóficas em esboço (1817)", "Filosofia da História (1818)" e "Filosofia do Direito (1821)".
A Teoria da Separação dos Poderes (ou da Tripartição dos Poderes do Estado) é a teoria de ciência política desenvolvida por Montesquieu, no livro "O Espírito das Leis" (1748), que visou moderar o Poder do Estado dividindo-o em funções, e dando competências a órgãos diferentes do Estado.
Diderot era conhecido como "O Enciclopedista", foi um gênio, filósofo, satirista, romancista, dramaturgo, crítico de arte, editor-chefe da Enciclopédia francesa, cujo impacto foi internacional.
Jean le Rond d'Alembert foi um filósofo, matemático e físico francês que participou na edição da Encyclopedié, a primeira enciclopédia publicada na Europa. Estudou teologia no Collège des Quatre Nations e formou-se em Direito (1735-1738),mas só depois descobriu a sua vocação para a Matemática e Física. Suas pesquisas em física relacionaram-se à mecânica racional; princípio fundamental da dinâmica; problema dos três corpos; cordas vibrantes e hidrodinâmica. Em matemática estudou as equações com dericadas parciais; equações diferenciais ordinárias; definiu a noção de limite; inventou um critério de convergência das séries; demonstrou o teorema fundamental da álgebra, que afirma ter toda equação algébrica pelo menos uma raiz real ou imaginária (teorema de D’Alembert-Gauss). D'Alembert foi o primeiro a dar uma completa solução para o extraordinário problema da precessão dos equinócios. Seu mais importante trabalho, puramente matemático, foi sobre equações parcialmente diferenciais, particularmente em conexão com correntes vibratórias.
Rousseau foi o primeiro filósofo ocidental a insistir em que nossos julgamentos devem se basear nas exigências dos sentimentos e não da razão. Ao defender que todos os homens nascem livres, e a liberdade faz parte da natureza do homem, Rousseau inspirou todos os movimentos que visaram uma busca pela liberdade. Foi um dos grandes pensadores nos quais a Revolução Francesa se baseou, apesar de esta se apropriar erroneamente de muitas de suas ideias. A filosofia política de Rousseau é inserida na perspectiva dita contratualista de filósofos britânicos dos séculos XVII e XVIII, e seu famoso "Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade nos homens" pode ser facilmente entendido como um diálogo com a obra de Thomas Hobbes.
O século XIX é marcado pelo positivismo de Auguste Comte. O ideal de uma sociedade baseada na ordem e progresso influencia nas formas de refletir sobre as coisas. O fato histórico deve falar por si próprio e o método científico, controlado e medido, deve ser a única forma de se chegar ao conhecimento. O núcleo da filosofia de Comte radica na idéia de que a sociedade só pode ser convenientemente reorganizada através de uma completa reforma intelectual do homem. Com isso, distintingue-se de outros filósofos de sua época como Saint-Simon e Fourier, preocupados também com a reforma das instituições, mas que prescreviam modos mais diretos para efetivá-la. Enquanto esses pensadores pregavam a ação prática imediata, Comte achava que antes disso seria necessário fornecer aos homens novos hábitos de pensar de acordo com o estado das ciências de seu tempo. Por essa razão, o sistema comteano estruturou-se em torno de três temas básicos. Em primeiro lugar, uma filosofia da história com o objetivo de mostrar as razões pelas quais uma certa maneira de pensar (chamada por ele filosofia positiva ou pensamento positivo) deve imperar entre os homens. Em segundo lugar, uma fundamentação e classificação das ciências baseadas na filosofia positiva. Finalmente, uma sociologia que, determinando a estrutura e os processos de modificação da sociedade permitisse a reforma prática das instituições. A esse deve-se acrescentar a forma religiosa assumida pelo plano de renovação social, proposto por Comte nos seus últimos anos de vida
Neste mesmo século, Karl Marx utiliza o método dialético para desenvolver sua teoria marxista. Através do materialismo histórico, Marx propõe entender o funcionamento da sociedade para poder modificá-la. Através de uma revolução proletária, a burguesia seria retirada do controle dos bens de produção que seriam controlados pelos trabalhadores.
Ainda neste contexto, Friedrich Nietzsche, faz duras críticas aos valores tradicionais da sociedade, representados pelo cristianismo e pela cultura ocidental. O pensamento, para libertar, deve ser livre de qualquer forma de controle moral ou cultural.
Nietzsche talvez seja o pensador mais incômodo e provocativo. Sua vocação crítica cortante o levou ao submundo de nossa civilização, sua inflexível honestidade intelectual denunciou a mesquinhez e a trapaça ocultas em nossos valores mais elevados, dissimuladas em nossas convicções mais firmes, renegadas em nossas mais sublimes esperanças. Essa atitude deriva do que Nietzsche entendia por filosofia.
Para ele, filosofar é um ato que se enraíza na vida e um exercício de liberdade. O compromisso com a autenticidade da reflexão exige vigilância crítica permanente, que denuncia como impostura qualquer forma de mistificação intelectual. Por isso, Nietzsche não poupou de exame nenhum de nossos mais acalentados artigos de fé. O destino da cultura, o futuro do ser humano na história, sempre foi sua obsessiva preocupação. Por causa dela, submeteu à crítica todos os domínios vitais de nossa civilização ocidental: científicos, éticos, religiosos e políticos.
Nietzsche é um dos grandes mestres da suspeita, que denuncia a moralidade e a política moderna como transformação vulgarizada de antigos valores metafísicos e religiosos, numa conjuração subterrânea que conduz ao amesquinhamento das condições nas quais se desenvolve a vida social. Nesse sentido, ele é um dos mais intransigentes críticos do nivelamento e da massificação da humanidade. Para ele, isso era uma conseqüência funesta da extensão global da sociedade civil burguesa, tal como esta se configurou a partir da Revolução Industrial.
Nietzsche se opõe à supressão das diferenças, à padronização de valores que, sob o pretexto de universalidade, encobre, de fato, a imposição totalitária de interesses particulares; por isso, ele é também um opositor da igualdade entendida como uniformidade. Assim, denunciou a transformação de pessoas em peças anônimas da engrenagem global de interesses e a manipulação de corações e mentes pelos grandes dispositivos formadores de opinião.
O esforço filosófico de Nietzsche o levou a se confrontar com as grandes correntes históricas responsáveis pela formação do Ocidente: a tradição pagã greco-romana e a judaico-cristã; e o que resultou da fusão entre as duas.
Ao longo desse seu confronto com o conjunto da herança cultural de nossa tradição, Nietzsche forjou conceitos e figuras do pensamento que até hoje impregnam nosso vocabulário e povoam nosso imaginário político e artístico. Tais são, por exemplo, as noções de Apolo e Dionísio, transformadas em categorias estéticas, os conceitos de vontade de poder, além-do-homem (Übermensch), eterno retorno e niilismo e a figura da morte de Deus.
A Filosofia Moderna é um marco importantíssimo para o pensamento ocidental, um "divisor de águas", pois quebra radicalmente com as tradições filosóficas anteriores, contudo ainda sem deixar de ter influência destas, negando ou reafirmando ou reformulando algumas de suas idéias
Diante do exposto pode-se concluir, que a era moderna reformulou a filosofia ocidental em si, onde o Sujeito torna-se o objeto central das teorias do conhecimento, ao contrário das tendências filosóficas anteriores, desprendendo-a convincentemente de sua função de apenas ser uma ferramenta para a teologia e tornando-a mais liberta, e desde de então evoluir com rapidez e projeção jamais vista antes, refletindo o desenvolvimento cada vez mais rápido da nossa realidade social nos últimos séculos.
 
 
Referências Bibliográficas
1-
ROVIGHI, Sofia Vanni. História da Filosofia Moderna. São Paulo: Loyola , 1999.
2-
JERPHAGNON, Lucien. História das Grandes Filosofias. São Paulo : Livraria Martins Fontes Editora Ltda. 1992
3-
4- MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge ZAHAR Editor. 1997.
5- BONATI, Sérgio Gazolla. Apostila Filosofia - Filosofia Antiga e Medieval - SIGNORELLI. RJ: 2007
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; Martins, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Editora Moderna. 1994

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