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domingo, 24 de abril de 2011

Expressionismo nas Artes Visuais e Anita Malfatti

Expressionismo nas artes é um termo ambíguo de nascença, uma vez que, em princípio toda Arte deveria ser considerada expressionista, já que sempre quer expressar visualmente alguma coisa, expressar a subjetividade única do artista diante do mundo. Mas o termo na história da arte que designa um estilo forte e dominante surgiu no início do século XX para rotular uma série de artistas de tendências e estilos mais diversos. O expressionismo surgiu então com dissidências internas inevitáveis devido às personalidades contraditórias de seus artístas (a maioria deles alemães, belgas, escandinavos e russos). Extremamente individualistas em suas propostas, criaram soluções formais muito singulares e alguns deles se organizavam em associações que refletia o ideais da efêmera República Weimar e seus temas políticos, os horrores da Primeira Guerra e a condição miserável da situação do proletariado que serviram de fundo à sensibilidade social desses artístas. Mário de Andadre apontou a arte expressionista como um estilo moderno por excelência ao conseguir integrar uma forte preocupação social com as novidades formais radicais de invenção técnica. No Brasil , observou-se um desejo expresso e intenso de pesquisar nossa realidade social, espiritual e cultural. A arte mergulhou fundo no tenso panorama ideológico da época, buscando analisar as contradições vividas pelo país e representá-las pela linguagem estética. Destaco dois grandes artístas : Anita Malfatti e Candido Portinari, que foi um importante pintor brasileiro, cuja temática expressava o papel que os artistas da época propunham: denunciar as desigualdades da sociedade brasileira e as consequências desse desequilíbrio. Seu trabalho ficou conhecido internacionalmente através dos corpos humanos sugerindo volume e pés enormes que faziam com que as figuras parecessem relacionar-se intimamente com a terra, estavam sempre pintada em tons muito vermelhos. Portinari pintou painéis para o pavilhão brasileiro da Feira Mundial de Nova York, Via Crucis - para a igreja de São Francisco, na Pampulha, Belo Horizonte (MG) e murais da sala da Fundação Hispânica na Biblioteca do Congresso, em Washington. Sua pintura retratou os retirantes nordestinos, a infância em Brodósqui, os cangaceiros e temas de conteúdo histórico como Tiradentes, atualmente no Memorial da América Latina, em São Paulo, e o painel A Guerra e a Paz, pintado em 1957 para a sede da ONU.  Ano passado, em meados de abril, tive a oportunidade de ir no CCBB Rio e apreciar a exposição "Retrospectiva Anita Malfatti -120 anos" na qual 120 obras que foram expostas permeiaram toda a carreira de Anita desde o período de vanguarda, com as telas expostas em 1917, passando pela fase mais conservadora e chegando às paisagens do interior brasileiro. Sua arte era livre das limitações que o academicismo impunha, seus trabalhos se tornaram marcos na pintura moderna brasileira, por seu comprometimento com as novas tendências.
Obras destacadas: A Estudante Russa, O Homem Amarelo, Mulher de Cabelos Verdes e Caboclinha. O impacto das telas de Anita tem a ver com seu aspecto expressionista, novo para os padrões da arte brasileira de então. A Exposição de Pintura Moderna - Anita Malfatti, realizada em São Paulo, entre 12 de dezembro de 1917 e 11 de janeiro de 1918, é considerada um marco na história da Semana de Arte Moderna de 1922 ( A Semana de Arte Moderna representou uma verdadeira renovação de linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora da ruptura com o passado e até corporal, pois a arte passou então da vaguarda, para o modernismo. O evento marcou época ao apresentar novas ideias e conceitos artísticos, como a poesia através da declamação, que antes era só escrita; a música por meio de concertos, que antes só havia cantores sem acompanhamento de orquestras sinfônicas; e arte plástica exibida em telas; esculturas e maquetes de arquitetura, com desenhos arrojados e modernos).

                                           

Malfatti, Anita A Estudante Russa , ca. 1915
óleo sobre tela, c.i.e.
76 x 61 cm
Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros - USP (São Paulo)
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti





Malfatti, Anita O Farol de Monhegan , 1915
óleo sobre tela, c.i.d.
46,5 x 61 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ
Reprodução fotografica Leonardo Crescenti


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